Um mês depois de ter terminado o meu Caminho a Santiago de Compostela, relembro que escondido num canto qualquer do meu subconsciente, existia uma idílica visão; nela via-me a fazer uma longa viagem.
Nessa viagem admirava o gado a pastar numa colina e atravessava campos cultivados de milho e trigo; percorria as montanhas e vales, e passava pelas grandes cidades e pequenas aldeias.

Na minha mente, antes de mais nada, estava marcado aquilo que eu chamava de destino!
Num determinado dia, numa determinada hora, eu tinha a certeza que iria completar esta viagem.
Maravilhosos sonhos então se tornariam finalmente em realidade, e várias peças da minha vida encaixaram-se-iam como as de um puzzle. Enquanto isso, andei de de um lado para o outro por esses caminhos, sofrendo e gozando as distâncias que tanto e pouco custaram a percorrer.

Muitas vezes dizia para mim:
"Quando eu chegar aquele sítio é que vai ser."
"Quando eu terminar a viagem."
"Quando eu alcan;ar o objectivo."
"Quando eu superar os meus limites."
"Quando eu alcan;ar a meta final, viverei feliz para sempre…"

Cheguei finalmente à conclusão de que o fim da viagem não existe; pois não existe um lugar em que se chega definitivamente! A verdadeira alegria consiste na própria viagem e a chegada é um sonho que constantemente se afasta de mim.

Aproveitar o momento que passa é um bom lema, especialmente quando junto tudo de bom que já viví.

Portanto, decidi que é bem melhor parar de andar apenas de um lado pra o outro pelos corredores da vida. Em vez disso, começei a andar mais de bicicleta, pasei a voar mais alto nas montanhas, passei a comer mais gelados, agora ando mais vezes pelos bosques, passei a nadar em mais rios, admiro mais a natureaza e acima de tudo rio mais frequentemente. Vivo a vida à medida que ela passa, pois quero convencer-me que a minha busca pela viagem jamais terá um fim…